segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

FHC diz que Dilma é reflexo de líder; ministra diz que tucano não impressiona



FERNANDO BARROS DE MELLO
da Folha de S.Paulo
da Folha Online

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso questionou nesta segunda-feira a capacidade de liderança da ministra da Casa Civil e presidenciável petista, Dilma Rousseff.

"Pode até vir a ser, mas por enquanto ela não é líder. Por enquanto, é reflexo de um líder", disse FHC na inauguração da Biblioteca de São Paulo. "O Serra já tem liderança e mostrou que faz. Na prefeitura, no Ministério da Saúde, no governo do Estado. Infelizmente, pela história da ministra Dilma, ela não teve essa oportunidade. Não estou condenando. Simplesmente estou dizendo que, para mim, Serra é competente, é um líder que inspira confiança. A outra, para mim, ainda não", reiterou.

Indagado se considerava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva um líder, o ex-presidente riu e respondeu: "Claro que sim, eu não sou bobo".

FHC afirmou ainda que Serra não tem que se declarar candidato ao Planalto neste momento. "O PSDB tem de se posicionar. Tem candidato. [Mas] O governador tem de esperar um pouco mais."

O ex-presidente destacou que tem um acordo com o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), de não falar sobre o que ele deve fazer. "Aécio está se dedicando a Minas Gerais. Seria deselegante dizer o que ele tem de fazer."

FHC disse ainda que o governo Lula não promoveu mudanças com relação à sua administração.

"Todos achavam que Lula mudaria tudo. Não mudou, seguiu adiante no que eu tinha feito. Eu achei bom", ironizou. E continuou: "Eleição é futuro. Se [o PT) quiser, a gente compara, desde que seja dentro de um contexto, não há o que temer."

No fim de semana, convidado a discursar num seminário organizado por prefeitos e governadores do PSDB, o ex-presidente falou sobre a sucessão de 2010, comparou Dilma a um "boneco" e disse que a ministra-candidata é "manipulada" pelo "ventríloquo" dela, o presidente Lula.

Na ocasião, FHC também afirmou que duvida das chances de êxito da transfusão de votos de Lula para Dilma. O eleitor, disse ele, "desconfia de bonecos".

A reportagem entrou em contato com a assessoria da ministra para comentar as declarações de FHC e aguarda um retorno.

Hoje, o Palácio do Planalto ignorou as críticas do ex-presidente ao governo e à ministra. Segundo o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), o ataque de FHC em um artigo aos petistas e as declarações desqualificando o poder político da ministra não foram tratadas na reunião de coordenação política.

Padilha disse que o tucano não "impressionou a todos". O ministro disse que a estratégia da base governista para as eleições de outubro continua centrada na comparação entre os dois governos de Fernando Henrique e os dois de Lula porque a oposição ainda não apresentou o que propõe para o Brasil do futuro.

O ministro Tarso Genro (Justiça) também minimizou as críticas do ex-presidente e disse que a presença do tucano no cenário político favorece a campanha de Dilma ao Planalto.

"Isso é positivo para a democracia porque permite que a população compare os dois projetos. Um do Fernando Henrique que se vinculará ao Serra, o que é bom para o PSDB e também ajudará a campanha da Dilma. Ela representa o presidente Lula e é essa comparação que interessa para nós", disse.

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