segunda-feira, 22 de março de 2010

Defesa dos Nardoni não vai pedir adiamento de júri se testemunha faltar

Do G1

A poucas horas do início do júri, ainda há uma dúvida: o pedreiro Gabriel dos Santos Neto, uma das testemunhas convocadas pela defesa do casal, vai aparecer ou não?
Na época da morte de Isabella, ele chegou a dizer que um ladrão invadiu uma obra, ao lado do edifício London, onde morava o casal. Depois, negou tudo. O pedreiro não foi encontrado para receber a convocação do júri.
 
“Se acusação ou defesa considerarem que determinada testemunha é imprescindível e não está no local, pede para que seja transferido o julgamento para outra data”, explicou Richard Francisco Chequini, juiz-assessor do Tribunal de Justiça.


O advogado de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá garantiu à reportagem que não pedirá o adiamento do júri, mesmo com a ausência dessa testemunha. De acordo com a assessoria do Tribunal de Justiça de São Paulo, em relação à não localização do pedreiro ou de qualquer outra testemunha intimada, somente após a instalação do júri, a partir da argumentação da defesa e acusação, é que o juiz responsável decidirá o que fazer.

Uma maquete do edifício London foi construída especialmente para o julgamento do casal Nardoni. Ela será mostrada aos sete jurados pelo promotor no momento em que ele estiver revelando detalhes de como Anna Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni teriam agredido Isabella dentro do apartamento do sexto andar. Em seguida, segundo a acusação, o pai teria jogado a própria filha pela janela.

Doze pessoas trabalharam 30 dias para fazer as miniaturas do prédio e do apartamento do casal. A acusação vai usar as maquetes para tentar demonstrar que é impossível uma terceira pessoa ter cometido o crime.

Segundo a promotoria, um ladrão não teria tempo suficiente para matar Isabella, limpar parcialmente as manchas de sangue e desaparecer do prédio sem deixar vestígios.

“Pela maquete, você tem uma visão tridimensional, você consegue ter um sentimento mais apurado do que é a realidade, quase como estar no local”, disse Fábio Fogassa, dono da empresa de maquetes.

Na sexta-feira, um jornal do Rio de Janeiro divulgou fotos da maquete do apartamento do casal. A reportagem do Fantástico não teve autorização para filmá-la. A promotoria diz que quer surpreender os jurados.

Nas fotos, dá para notar que o apartamento foi reproduzido com paredes transparentes para facilitar o entendimento do que a promotoria chama de dinâmica do crime.

Há uma miniatura da sala onde Alexandre Nardoni teria jogado a filha com força no chão, provocando lesões na menina. Na cozinha, segundo a acusação, ele pegou uma faca e uma tesoura para cortar a rede da janela.

Os sete jurados também vão saber como era o quarto de onde Alexandre Nardoni teria jogado a filha. As marcas de sangue de Isabella e da sandália do pai, encontradas pela perícia, foram reproduzidas na maquete.

A defesa de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá diz que também pode usar as maquetes, mas para convencer os jurados de que havia falhas no sistema de segurança do prédio.

O advogado do casal também anunciou que pretende questionar o trabalho do Instituto de Criminalística (IC), usando, diante do júri, alimentos como cenoura, nabo, banana e alho.

Segundo a defesa, os peritos usaram um reagente químico que não consegue diferenciar, com 100% de certeza, entre o que é sangue e o que é mancha deixada por esses alimentos. A promotoria diz que essa alegação não procede.

Estratégias definidas, discursos preparados: defesa e acusação dizem estar prontas para se enfrentar e convencer os jurados.

“O jurado julga de acordo com a consciência. Mesmo que ele tenha até uma ideia pré-formada a respeito do caso, muitas vezes essa opinião vai se modificando no decorrer do julgamento. É imprevisível”, acredita Richard Francisco Chequini.

Confiança

Ansiosos e aparentando confiança. A reportagem do Fantástico apurou que foi assim que Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá se comportaram essa semana na cadeia.
Na quinta-feira (18), o advogado Roberto Podval esteve nos presídios de Tremembé, a 150 quilômetros de São Paulo, e visitou separadamente o pai e a madrasta de Isabella. Na sexta (19), houve um novo encontro. Dessa vez, para acertar os últimos detalhes para o julgamento que pode mudar a vida do casal.

Com 12 metros quadrados, a cela de Alexandre Nardoni em Tremembé tem quatro camas, banheiro e aparelho de TV. Outros dois detentos dividem o mesmo espaço.

Funcionários do presídio que tiveram contato com o pai de Isabella disseram que, esta semana, ele agiu como de costume: esteve calmo e conversou bastante com vários presos.

Entre eles, Lindemberg Alves, acusado de matar a namorada Eloá em 2008, e os irmãos Cravinhos, que participaram do assassinato dos pais de Suzane Richthofen, em 2002.

Por não ser condenado, Alexandre Nardoni não precisa trabalhar. Nós apuramos que, para passar o tempo, o pai de Isabella vinha ajudando no setor de roupas do presídio. A função dele era a de organizar o estoque e separar cada peça por tamanho. O próprio Alexandre entregava as roupas prontas para os detentos.

Já a função de Anna Carolina Jatobá até essa semana era controlar a entrada e a saída de produtos da cozinha. Funcionários do presídio disseram que a madrasta de Isabella é de falar pouco e ganhou a confiança de outras presas, algumas inclusive a chamam de Aninha.
Evangélica, Anna Carolina Jatobá passou a frequentar os cultos, sendo vista com frequência fazendo orações dentro da cela, que tem capacidade para duas detentas, mas abriga quatro, todas evangélicas.

Nesta segunda, o casal Nardoni volta a aparecer em público e, depois de um ano e dez meses, Alexandre e Anna Carolina vão se ver novamente.

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